A esquerda no divã - Parte I
Caro Rodrigo Moita de Deus,
Nem sei como começar. A sua resposta excedeu as minhas melhores expectativas - já para não falar das piores... Só não fiquei banzado porque já vi um porco a cantar a Marselhesa - ah, e também já vi, na televisão, o líder de um partido conservador a mostrar uma fotografia do Presidente da República a apertar a mão do reitor que lhe subsidiava - a ele, líder conservador que respeita as instituições - o Jaguar que lhe servia de montada.
Saindo do preâmbulo que se impunha nestas circunstâncias, vou directo ao assunto, por partes:
a) Colos
O meu caro amigo pode contar connosco para diversas funções, como já saberá, mas peço-lhe que não invoque a reminiscência dessa terrível insinuação que assolou o país político. Aqui não há colo, caro amigo. Aqui sentamo-nos em cadeiras desconfortáveis - que a vida está cara -, mas nunca ao colo. O colo infantiliza, tal como a insídia imbeciliza.
b) Lama
Das duas uma: ou o meu caro amigo tem usado as terapias que menciona, ou passou uma hora a fazer pesquisa na internet para escrever um parágrafo com referências -que não confirmarei- a objectos que me parecem saídos do Star Trek ( "máscara tensora pós eléctro-estimulação"?!! Como diria um católico: por amor de Deus! ). Permita-me que ignore ostensivamente o conteúdo do parágrafo aludido. Faço-o por duas razões: porque sempre fui bonito e magro ( pergunte à minha avó, que ela confirma logo ), sendo um profundo desconhecedor de tais matérias, e para que esta nossa polémica não perca elevação e seriedade.
c) Tudo o que não escreveu
Fico feliz por lhe ter proporcionado uma forma de rentabilizar o investimento que fez ao adquirir, semana após paciente semana, os volumes da História de Portugal que se têm vendido nos quiosques.
Repare, no entanto, que o meu texto anterior era um exercício de estilo ( ou falta dele, consoante a inclinação estético-literária ), uma ligeiríssima compilação de clichés, inspirada no seu texto de desafio ( lembra-se? "fascistas", "betos", etc..?).
Pois bem, eu queria mesmo era falar de cinismo. Do Diógenes, está a ver? Era esse o desafio mais consistente do meu textículo.
Em vez disso, o meu caro amigo fala-me dessa nobre ( e tão cristã ) instituição da guerra, dos pobrezinhos que agride diariamente, das insuspeitadas tendências fascizantes dos seus amigos, do seu BMW, e sei lá que mais. Tédio. Profundo tédio. Foi o que senti, para ser sincero.
Ainda por cima, devo confessar-lhe que o meu pudor me impede de lhe responder proporcionalmente, pois os meus amigos não gostariam nada que se soubesse por aí que eles não fazem obras nos prédios só para poderem rir à grande quando vêem fotografias que ilustram as péssimas condições de vida dos seus inquilinos, entre outras infâmias que os caracterizam.
( continua )
Nem sei como começar. A sua resposta excedeu as minhas melhores expectativas - já para não falar das piores... Só não fiquei banzado porque já vi um porco a cantar a Marselhesa - ah, e também já vi, na televisão, o líder de um partido conservador a mostrar uma fotografia do Presidente da República a apertar a mão do reitor que lhe subsidiava - a ele, líder conservador que respeita as instituições - o Jaguar que lhe servia de montada.
Saindo do preâmbulo que se impunha nestas circunstâncias, vou directo ao assunto, por partes:
a) Colos
O meu caro amigo pode contar connosco para diversas funções, como já saberá, mas peço-lhe que não invoque a reminiscência dessa terrível insinuação que assolou o país político. Aqui não há colo, caro amigo. Aqui sentamo-nos em cadeiras desconfortáveis - que a vida está cara -, mas nunca ao colo. O colo infantiliza, tal como a insídia imbeciliza.
b) Lama
Das duas uma: ou o meu caro amigo tem usado as terapias que menciona, ou passou uma hora a fazer pesquisa na internet para escrever um parágrafo com referências -que não confirmarei- a objectos que me parecem saídos do Star Trek ( "máscara tensora pós eléctro-estimulação"?!! Como diria um católico: por amor de Deus! ). Permita-me que ignore ostensivamente o conteúdo do parágrafo aludido. Faço-o por duas razões: porque sempre fui bonito e magro ( pergunte à minha avó, que ela confirma logo ), sendo um profundo desconhecedor de tais matérias, e para que esta nossa polémica não perca elevação e seriedade.
c) Tudo o que não escreveu
Fico feliz por lhe ter proporcionado uma forma de rentabilizar o investimento que fez ao adquirir, semana após paciente semana, os volumes da História de Portugal que se têm vendido nos quiosques.
Repare, no entanto, que o meu texto anterior era um exercício de estilo ( ou falta dele, consoante a inclinação estético-literária ), uma ligeiríssima compilação de clichés, inspirada no seu texto de desafio ( lembra-se? "fascistas", "betos", etc..?).
Pois bem, eu queria mesmo era falar de cinismo. Do Diógenes, está a ver? Era esse o desafio mais consistente do meu textículo.
Em vez disso, o meu caro amigo fala-me dessa nobre ( e tão cristã ) instituição da guerra, dos pobrezinhos que agride diariamente, das insuspeitadas tendências fascizantes dos seus amigos, do seu BMW, e sei lá que mais. Tédio. Profundo tédio. Foi o que senti, para ser sincero.
Ainda por cima, devo confessar-lhe que o meu pudor me impede de lhe responder proporcionalmente, pois os meus amigos não gostariam nada que se soubesse por aí que eles não fazem obras nos prédios só para poderem rir à grande quando vêem fotografias que ilustram as péssimas condições de vida dos seus inquilinos, entre outras infâmias que os caracterizam.
( continua )
1 Comments:
Drenagem linfática manual? Electro-estimulação? Afinal... Deus é tarado sexual?
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