Corrida à liderança do PS
Sócrates é o candidato que parece reunir mais apoios. A clareza dos seus argumentos e o universalismo das suas teses garantem-lhe, à partida, uma clara vantagem sobre Anaximandro e Zenão. Sócrates mantém, tantos séculos depois de o ter afirmado pela primeira vez, que o único mal é a ignorância, o que tem sido interpretado como uma alusão a Santana Lopes. No entanto, o candidato tem sido acusado de incorrer em contradição, pois tem respondido a várias questões com uma frase enigmática: "Só sei que nada sei", -acrescentando por vezes "e sei que vocês sabem aquilo que eu sei que não sei".
Anaximandro, por sua vez, continua a acreditar que é o melhor candidato para o momento difícil que o país atravessa. " Quem é que disse que o Homem descende do peixe, quem foi? Fui eu, e muito antes de Darwin!Ora, neste ambiente generalizado de peixeirada, parece-me que estou melhor colocado do que os meus adversários", confidenciou ao repórter do Bloff, quando visitava a lota de Peniche.
Zenão, o candidato-surpresa, prefere manter uma postura mais reservada. "Lembrem-se sempre do que eu já disse há muito tempo: se o homem tem dois ouvidos e só uma boca, é para ouvir mais e falar menos", terá dito o candidato, quando interrogado sobre o estilo dialéctico e a grande exposição mediática do seu principal oponente.
Alguns sectores do PS não se sentem representados por nenhum destes candidatos, entendendo que o partido deveria assumir um espírito de modernidade. Um militante desiludido explicou-nos as suas razões: "Eu cá preferia um Richard Rorty, um Donald Davidson... sei lá, até veria com bons olhos uma candidatura de um Thomas Kuhn, por exemplo. Assim cheira muito a bafio...e a peixe. O Sócrates até é uma personagem de ficção, pá. Isto assim não vai a lado nenhum!"
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