VADE RETRO, SATANA!
Vilar de Perdizes, a "Fátima do peregrino profano", reúne, mais uma vez, por entre bruxarias, esconjuros e superstições, bruxos, ervanários, curandeiros, exorcistas, médiuns, cartomantes, quiromantes, endireitas, padres, sociólogos, psicólogos, psiquiatras, médicos, piratas e muitos outros...
O Bloff, como não podia deixar de ser, acompanha o ilustre evento. Montámos tenda no terreiro da D. Francelina Petas, entre o espaço do bruxo Alexandrino e um atrelado de tractor, palco principal do certame, gentilmente cedido pelo Ti’ Florival Choriça. Nesta infra-estrutura actuarão, diariamente, os artistas residentes do congresso: o padre Borga e o Tino de Rãs.
O nosso repórter-estagiário teve oportunidade de falar, in loco, com a figura de proa do evento (o homenzinho jurou, a pés juntos, que era o próprio), o mediático António Lourenço Fonte (mais mediático do que o Borndiep), conhecido por “padre Fontes”, pároco de Vilar de Perdizes, estudioso da cultura do Barroso, animador cultural, criador dos congressos de medicina popular e proprietário de um hotel assombrado. À pergunta se teria alguma “receita” para dar sumiço ao governo e tirar os portugueses do cu da Europa, respondeu(?) : “Cruzes, credo, peida, cu. Enquanto eu vou e venho, não acordes tu. Trinta dias e trinta noites vão passar, o país vão largar e a malta suspirar, que é como quem diz, ser feliz. Mu, mu, mu, eu te benzo Belzebu, com as fraldas do meu cu.”
Sem mais nem quê, acrescentou: “ Três escarretas amarelas e agora é que são elas, caca de três pintainhos e o governo vai para os anjinhos, cuspo de velho maduro, vai sair o esconjuro”.
Passou, então, à reza de esconjuro:
Sapos e bruxas, mouchos e crujas,
demonhos, trasgos e dianhos,
spírtos das eneboadas beigas,
corvos, pegas e meigas,
feitiços das mezinheiras,
lume andante dos podres canhotos furados,
luzinha dos bichos andantes,
luz de mortos penantes,
mau olhado, negra inveija,
ar de mortos, trevões e raios,
uivar de cão, piar de moucho,
pecadora língua de má mulher
casada cum home belho.
Vade retro, Satanás,
prás pedras cagadeiras!
Lume de cadávres ardentes,
mutilados corpos dos indecentes peidos de infernais cus.
Barriga inútil de mulher solteira,
miar de gatos que andam à janeira,
guedelha porca de cabra mal parida!
Com esta culher levantarei labaredas deste lume,
que se parece co do Inferno.
Fugirão daqui as bruxas,
por riba de silbaredos e por baixo de carbalhedos,
a cabalo na sua bassoira de gesta,
pra se juntarem nos campos de Gualdim.
pra se banharem na fonte do areal do Pereira...
Oubide! Oubide
os rugidos das que estão a arder nesta caldeira de lume.
E cando esta mistela baixe polas nossas gorjas,
ficaremos libres dos males e de todo o embruxamento.
Forças do ar, terra, mar e lume,
a vós requero esta chamada:
Se é verdade que tendes mais poder
que as humanas gentes,
fazei que os spírtos ausentes
dos amigos que andam fora
participem connosco desta queimada!
Aguardamos, ansiosamente, pelo resultado do esconjuro. Se algum dos simpáticos leitores tiver novidades, agradecíamos que nos contactasse de imediato.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Regressar